quinta-feira, julho 30, 2009

Grande maçã tupiniquim




Já faz quase um mês desde que postei pela última vez. Nesse curto espaço de tempo, muita coisa mudou. Não foram mudanças perceptíveis a olho nu (continuo sempre atrasada, gorda e impaciente), mas não deixam de ser significativas por isso.
A primeira coisa que eu aprendi foi que superstições são besteiras (vide o último post). Mas como toda pessoa teimosa que se preze, precisei ver para crer. Bom, está visto. Próxima questão.

Para não dizer que ela não acertou nada, a viagem a São Paulo foi incrível: conheci uma realidade que nunca imaginei que existisse, um lugar onde as coisas realmente acontecem e que nunca para. Realmente me vi morando naquele lugar, convivendo com as pessoas de lá, me estabelecendo. Quando eu digo “tudo”, eu quero dizer tudo MESMO. Os prédios enormes, as ruas apertadas, pessoas apressadas, o mundo de concreto e fuligem, tudo apaixonante, tudo, tudo mesmo.

Antes de ir, eu não acreditava muito naquela história de que a sua casa pode ficar pequena um dia. Era capaz de projetar tranquilamente cada momento da minha vida para os próximos vinte anos – aqui, claro. Já sabia quanto custaria morar sozinha em Brasília, onde escolher meu apartamento, onde iria trabalhar, sair nos finais de semana, essas coisas. O mais impressionante era que esse pensamento não me angustiava nem um pouco. Me dava calma, aliás. A idéia de tranqüilidade tão perseguida por todos, nesses tempos em que estabilidade financeira vem sempre antes da satisfação profissional (e pessoal).

Mas foi só subir no avião. Antes mesmo da decolagem, já dava para sentir que aquela não seria uma viagem como outra qualquer. Uma verdadeira revolução estava prestes a acontecer na minha cabeça, e cada poro do meu corpo me dizia isso.

Na realidade, a idéia de ir para uma cidade totalmente diferente da minha teve um propósito muito claro. Não foi uma coisa assim, tão despretensiosa como gosto de pensar. Os planos de sair de Brasília são antigos, sempre achei que essa cidade faz mal para as pessoas, mas isso nunca serviu como trampolim capaz de me fazer tomar alguma atitude à respeito. Morar em São Paulo será ótimo para a minha carreira, mas isso também não foi o estopim.

Acho que o que mais me incentivou foi a minha vontade de fugir. Morro de medo de ficar parada, no mesmo lugar, sentindo, pensando, desejando as mesmas coisas – e pessoas – todos os dias. Mudei tanto nesses últimos meses que seria uma pena desperdiçar tanto aprendizado. Em Brasília, a carga emocional é muito intensa, e acabou ficando pesada demais para eu carregar sozinha. Tudo aqui me lembra uma pessoa que quero e preciso desesperadamente esquecer: eu mesma.

Quero a chance de me reinventar, de mudar completamente. Lá, posso ser quem eu quiser. Posso começar a pintar de novo, pois terei uma gigantesca tela em branco à minha inteira disposição. Quero começar tudo de novo, virar outra pessoa, encontrar novas problemáticas. Quero me preocupar com o aluguel no fim do mês, com a conta de luz, se está faltando filtro para fazer o café. Fazer uma pós graduação, trabalhar de verdade, saber quanto custa um quilo de carne e se vale mesmo a pena comprar uma televisão parcelada ou juntar para pagar tudo de uma só vez, à vista.

Quero crescer.