sexta-feira, janeiro 13, 2012

“A vida de Brod era uma lenta percepção de que o mundo não era pra ela, e de que – fosse por que razão fosse – ela jamais seria feliz e sincera ao mesmo tempo. Ela sentia-se transbordar, sempre produzindo e guardando mais amor dentro de si. Mas não havia libertação. Mesa, bibelô de marfim em forma de elefante, arco-íris, cebola, penteado, molusco, Shabbos, violência, cutícula, melodrama, vala, mel, paninho ornamental… Nada daquilo a comovia. Ela abordava o mundo com sinceridade, buscando algo merecedor do enorme amor que sabia ter dentro de si, mas para cada coisa teria de dizer, Eu não te amo. Mourão de certa cor de casca de árvore: eu não te amo. Poema longo demais: eu não te amo. Nada dava a sensação de ser mais do que na realidade era. Tudo era apenas coisa, completamente atolada na sua coisice.”

Tudo se ilumina

(Everything is Illuminated)

Jonathan Safran Foer

segunda-feira, janeiro 02, 2012

Formigamento

Praga ou não, dei com as maçãs formigando ao erguer os olhos. Acho que o sangue para de correr pelo local, ou corre demais, não sei. A única coisa que sei é que sempre que acontece fico meio atarantado, pensando em esconder o rosto, mesmo não fazendo ideia de como seguir escrevendo com as mãos ocupadas, ou olhar só para o chão, arriscando viver vexado, ou até mesmo aguentar firme o formigamento e tocar em frente como todo mundo, cada qual com seu papel, ou folha... penso um pouco corado.


Eu poderia simplesmente aguentar firme o formigamento e tocar em frente como todo mundo.


Vi aqui