quarta-feira, dezembro 19, 2007

Tô cansada, tô cansada!
Cansada de perder tempo, neurônios e horas de sono para fazer coisas que eu simplesmente não li-go. Cá pra nós, quando eu recebi aquela ligação me chamando para ser estagiária em uma ONG, eu até achei que poderia ser legalzinho. Sabe, direitos humanos, igualdade racial e essa baboseira toda que todo mundo sabe que não existe. Mas puta que pariu, como é CHATO ter que acordar todos os dias e lembrar que vou ficar sentada o dia inteiro, dando um nó na minha coluna, digitando coisas que, do fundo do meu coraçãozinho revoltado, acho patéticas.

_ Caaara, tive uma idéia ge-ni-al pra gente poder aparecer ainda mais pros nossos patrocinadores! Saca só. E se a gente juntasse
um bando de desocupado, pode ser esses carroceiros que ficam por aí atrapalhando o trânsito mesmo, desse meia dúzia de tambores e apitos na mão deles e tacasse os infelizes na Esplanada. Aí, a gente inventa um nome bacana – que que tu acha de “Fraldas Pintadas?” Também não sei o que quer dizer não, mas pelo menos é diferente –, dá um motivo bonitinho, tipo, "a luta pela desigualdade social no mundo", e fechou. Mais uma super manifestação que vai mudar o mundo e trazer novos patrocinadores pra gente. Bota fé?

Porque esse povo de ONG acha que é assim. Isso quando não me mandam fazer matérias – se é que Ctrl + C e Ctrl + V pode ser considerado “fazer matérias” – sobre Projetos de Lei para o combate à poluição. Ah, vai se foder, vai. Com certeza esse PL foi sugerido por algum(a) deputado(a) que gasta dez mil reais em gasolina e ta pouco ligando pro planeta, pra Amazônia, pro mico-leão-dourado, pro demônio. E eu aqui, macaqueando esse povo, exaltando a “iniciativa pioneira” de não sei quem. Pioneira meu pau.

Como se ninguém soubesse que ONG só serve pra lavar dinheiro.

Tô de saco cheio. Como se não bastasse, ainda tenho que me despencar de casa às oito da madrugada todos os dias, pra assistir aula inútil. Sinceramente, me sinto estuprada mentalmente toda quarta-feira naquela universidade. Como bem disse uma amiga, “Deus resolveu fazer uma piada. E fez ela”, referindo-se à minha ilustríssima professora de Criatividade em Comunicação. Éééé, eu tenho aulas sobre como ser criativa. Com uma semi-analfabeta. Mas não é uma semi-analfabeta qualquer: é uma semi-analfabeta com doutorado. Essa é a educação do meu país! Valeu, Brasil!

Isso tudo sem contar o povinho de lá, que, de mais a mais, consigo salvar uns quatro ou cinco, no máximo. O resto pode chamar o SLU pra levar, porque, se bobear, até fedem de tão podres.

Todas estas coisas me dão uma preguiça mental absurda. É como se alguém estivesse com um canudinho, sugando todo o resto de ânimo que eu ainda tenho.

Sugando, sugando...