sexta-feira, junho 10, 2011

O futuro do amor

Dia desses estávamos eu e uma amiga futricando minha “caixinha de memórias”, eufemismo para uma caixa que um dia representou um dos presentes mais marcantes da minha vida e hoje está mais para “depósito de lembranças dos namoros passados”. Fiquei pensando sobre aquela doença que a pessoa não consegue jogar nada fora. Não que eu esteja chamando o conteúdo da CM propriamente de lixo, mas o fato é que não preciso mais de nada que guardo por lá.

No entanto, lá estão elas: todas as cartinhas (algumas ainda perfumadas), cartões, a antiga aliança. A sacola do presente de um mês de namoro. Até a fita do primeiro ovo de páscoa que recebi namorando está lá, guardadinha. É só uma opinião, mas sempre achei que tudo que a gente faz, faz por um motivo. Mesmo que esse motivo ainda não esteja completamente esclarecido e que nem você mesmo saiba (ainda) o por quê desse ou daquele comportamento, pode ter certeza que é a sua cabeça querendo te dizer alguma coisa.

No meu caso, a lerdeza chegou a tal ponto que precisei de alguns meses de terapia para descobrir que as coisas da caixinha são provas. Provas que melhorei, que a fase passou, que pelo menos esses demônios não me atormentam mais. A caixinha serve para me lembrar que, por mais assustador e dolorido que seja, é preciso deixar de ser medroso e encarar as coisas de frente de uma vez. Ela me lembra que procrastinar a cura é pura besteira, medo de ser feliz sem aquilo. Medo de admitir que consigo andar sozinha, com as minhas próprias pernas -- e que terei que assumir todas as responsabilidades também. O chato de não estar mais com o coração partido é que não dá mais para usá-lo como desculpa.

Um comentário:

Maju Duarte disse...

um dia vou escrever sobre você, glaucia.
sempre me surpreendo com suas observações...
com a delicadeza – mesmo que você a negue em voz alta – com que você alisa a vida