terça-feira, maio 12, 2009

Amar é...



Em uma dessas caminhadas vespertinas, vi um casal na rua. De mãos dadas, os dois observavam o filho pequeno brincar com o cachorro, enquanto equilibravam as duas bolas de sorvete na casquinha que tomavam juntos.

Enquanto procurava as câmeras e a equipe de tv que deveriam estar filmando o que só poderia ser a nova propaganda da Doriana, fiquei pensando sobre felicidade. Será que a fórmula marido-casa-filho-cachorro já não está batida demais?

Não duvido que formar uma família deva ser gratificante, afinal, estabilidade parece ser a obsessão dos tempos modernos. Manter um clã unido é sinal de vitória e sinônimo de sucesso em uma sociedade que venera aparências: não importa se o relacionamento já não tem mesmo o vigor ou se acumulamos tarefas para demorar mais meia horinha antes de ir para casa. O importante é passar a imagem de que está tudo bem, que somos unidos e que nos amamos, no matter what.

Não tenho certeza se ter alguém para dividir a cama significa a felicidade plena, a conquista de uma vida. E se ao invés de ter que aguentar roncos ensurdecedores alguém preferir ficar só com o som do ar-condicionado, enquanto lê seu livro preferido? E se alguém decidir que o melhor mesmo é investir na própria carreira, sem precisar abrir mão de novas oportunidades para não chatear o parceiro ou a parceira?

Há muitas formas de felicidade. Uma música que fale o que você está sentindo no momento é uma maneira de ser feliz, assim como conhecer pessoas novas, ter realização profissional, encontrar alguém bacana. Cada um tem um jeito de se sentir feliz, mesmo que esse jeito não seja necessariamente nos moldes socialmente mais "adequados" e/ou aceitos.

Porém, o importante mesmo é se bastar. Todos devemos saber andar com nossas próprias pernas, porque ninguém nasceu para servir de muleta de ninguém. A solidão dá medo, mas é intrínseca a todo ser humano: nascemos, vivemos e morremos sozinhos. Encontramos pessoas importantes pelo caminho, também solitárias, e cada um trilha seu próprio caminho. Influenciamos e somos influenciados, e só. Esse é o máximo de interatividade que temos uns com os outros, já que as consequências de nossos atos são só nossas.

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