quarta-feira, maio 20, 2009

A droga do amor





“O amor é meio assim, dos outros. Meio malas prontas, meio check-in”.
(Cristiane Sobral)


Uma reportagem da revista Época e um post no blog Mulher 7x7 estavam falando do mesmo assunto: amor. Piegas e já debatido à exaustão, o tema é indiscutivelmente de um valor notícia impressionante. Não há uma pessoa sequer no planeta que não pare para ler ao menos o primeiro parágrafo de uma matéria assim (por mais constrangedor que seja admitir).

Na matéria, uma pesquisa realizada por dois cientistas americanos revelou o segredo da paixão. O responsável pelo friozinho na barriga e mãos suadas quando se encontra o objeto de desejo seria “a ativação de um circuito na área tegmentar ventral, uma região do mesencéfalo, no meio da cabeça”. Ok, não faz sentido nenhum, eu sei. Vamos lá: segundo eles, a composição genética (sempre ela) seria o fator determinante para dar a felicidade eterna ou condenar um relacionamento ao fracasso completo.

Enquanto isso, o post — entitulado “A arte de levar um pé na bunda" — falava, obviamente, sobre decepções amorosas. Histórias de mulheres que conseguiram dar a volta por cima também não são necessariamente uma novidade, graças ao Sidney Sheldon, mas confesso (embora envergonhada) que foi a leitura que mais me prendeu. Claro que um post não tem necessariamente que vir recheado de fontes de altíssima credibilidade ou dados do IBGE, mas nem por isso torna-se menos crível que uma matéria de quatro páginas lotadas de aspas de médicos e especialistas.

Mas se o assunto é batido, os argumentos são mais velhos ainda. Afirmações como “há um gene responsável pela paixão, mas há também um conjunto extenso de outros fatores” ou “faça do limão uma limonada” não tem lá muita graça, até que veio a parte bacana: como todo cientista quer ser pioneiro, já andam dizendo que é possível produzir uma droga do amor. Como seria se pudéssemos fazer pessoas se apaixonarem por nós? Ou, melhor ainda: quão maravilhoso seria se fosse possível aposentar de vez o trio sofá-sorvete-filme para curar aquela dor de cotovelo apenas com um comprimido?

Todos se apaixonariam e se desapaixonariam instantâneamente. Seria a evolução do “boa noite, Cinderela”, só que bem pior, já que as vítimas passariam a amar seus agressores. Em compensação, haveria uma democratização do amor. Sem o impecilho da atração à primeira vista, qualquer um estaria “apto” a se relacionar com qualquer um, uma vez que, após ingerir as cápsulas milagrosas, o amor viria, tanto para gordos como para magros, feios ou bonitos. Seria o fim da transa casual, pois seria simples amar de verdade apenas por uma noite. No dia seguinte, uma pílula após o término do “relacionamento” e pronto — estaríamos prontos para começar de novo!

Embora não seja bem uma expert sobre o assunto, já tenho uma bagagem até razoável, especialmente no que diz respeito à dores de cotovelo. O suficiente para, quando lançarem a novidade, encomendar um caminhão do melhor medicamento inventado desde a penicilina.

Um comentário:

Marina Bártholo disse...

Sou uma provável consumidora dessa droga aí.