quarta-feira, junho 03, 2009

Freedom




Foi uma daquelas coisas que só poderiam acontecer em uma mesa de bar. Distraídos, estávamos jogando conversa fora quando surge um hippie vendendo os pinduricalhos que hippies vendem (nunca descobri a utilidade de usar anel de arame). Até aí, tudo bem. Porém, pessoas sociáveis que somos — a cerveja ajuda um pouco, confesso —, convidamos o ilustre viajante para se juntar a nós. Histórias mirabolantes sobre formigas psicodélicas à parte, ele até que falou coisas muito interessantes.

Segundo a criatura com o pé mais sujo do planeta, ele era um empresário em alguma cidade de Goiás. Ganhava mais de quatro mil reais, dava festas para os amigos aos finais de semana, tudo “do próprio bolso, sem cobrar nada”. Até que, um dia, cansou. Cansou de pessoas puxando o saco das outras, de correr para entregar planilhas à tempo, de não ter nenhum momento do seu dia reservado a ele mesmo. Juntou as coisas e foi embora, para o mundo.

Passou pela Bolívia, onde viu montanhas que pareciam pintura à óleo, viu culturas diferentes, conheceu pessoas completamente malucas e interessantes. Foi para os Estados Unidos de carona, aprendeu a fazer artesanato, a entender de relevo. Enfim, jogou tudo para o alto e foi viver.

Ele foi viver, cara. Já parou para pensar nisso? Eu confesso que ainda não. Não tenho tempo.

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